quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Convite

Vem a mim, felicidade. Entra e senta que estou à espera. 
Não precisas bater na porta, porque ela estará aberta, ou melhor, escancarada para a tua chegada.
Não precisas avisar quando vais chegar porque a mesa já está posta, a cama já está forrada e eu aqui aguardo perfeitamente preparado para receber-te.
Recebi tuas cartas. Disseste a mim que não podias vir tão depressa e que, antes de chegar, mandarias mensageiros que me ajudariam a preparar a casa, o corpo e a mente para quanto tu viestes. Eles vieram, sim. Mas não eram exatamente quem eu esperava. Mandastes até mim teus piores mensageiros: a decepção, o medo, o ódio, o orgulho, o cansaço, a falsidade e até mesmo tua pior rival, a tristeza. Eles se alojaram comigo por um tempo, alguns foram embora mais rápido, outros demoraram mais a partir. Houve dias que mais de um deles habitavam minha casa. E eu quase desisti. Quase pensei que não suportaria, que tu não virias mais. Me enganei. 
Na tua última carta me avisaste que estavas próxima, pois só agora poderias vir a mim. Só agora, depois que eu tinha conhecido as desventuras do mundo, que eu tinha aprendido a lidar com elas, tu poderias aparecer e, para sempre, fazer parte da minha vida. 
Valeu a pena, cara amiga. Atravessei momentos difíceis, mas hoje sei que foram essenciais para que eu pudesse receber-te como mereces.
Então, vem logo! Vem a mim que tanto te procuro em meio à imensidão.
A data, a hora e o local são desnecessários nesse convite, pois tu já sabes, mais que qualquer um, onde e quanto poderás me encontrar. 
Um abraço apertado!