domingo, 27 de março de 2011

"Grama verde, olhos azuis, céu cinza,

Deus abençoe a dor silenciosa e a felicidade
Eu vim pra dizer "sim" e digo
Enquanto meus olhos saem procurando por discos voadores no céu."
(London, london - Caetano Veloso)


Tudo acontece à minha volta, os carros passam, as pessoas passam e o tempo... Esse passa tão depressa que, às vezes, nem dá pra perceber. 
Se alguém me beliscar, talvez acorde. 
Se alguém chamar meu nome, talvez responda. 
Se alguém me puxar pra baixo, talvez caia. 
Se alguém me der a mão, talvez consiga. 
E se alguém não ver, ao menos, a sombra do meu corpo enquanto caminho pela vida, talvez então essa será a melhor das coisas melhores que me poderão acontecer.
Porque ser visto nem sempre é o mesmo que ser reconhecido, tampouco adorado. 
E se não me adoram, se não me amam...
Que poderei fazer? 
Apenas continuar caminhando, enquanto meus olhos buscam no céu o rastro do próximo disco voador.
"While my eyes go looking for flying saurces in the sky ♪"


quinta-feira, 24 de março de 2011

Como se eu fosse flor



Não é justo. Logo eu... Eu que estava aqui plantada, quietinha no meu canto fui logo descobrindo a delícia de ser regada por você. E a cada dia em que você chegava perto, eu sabia que ia me deixar confortável, afofando minha terra, fazendo do meu chão o meu céu, porque eu me sentia nas nuvens. E também ia me incentivar, me estimular, me fazer crescer com seu adubo. E também ia saciar minha sede, lavar-me e deixar a água mais límpida do mundo tocar os mais profundos pontos de minha alma.
E eu ia ficando mais bonita, porque você me cuidava e porque eu ia acreditando nesse amor. Ia ficando mais formosa, mais cheirosa, exalando o perfume mais suave à minha volta, para inebriar-te em tua chegada. Ia também me abrindo devagar, deixando você descobrir meus segredos, meus mistérios, deixando você fazer parte da minha vida. 
E logo eu... Logo eu que tinha espinhos. Logo eu que tinha medo de te machucar, porque sabia que isso era possível, fui cedendo pouco a pouco, fui deixando-me domesticar, deixando-me domar, tornando-me dócil e delicada. Exatamente como uma flor deve ser. Bonita, cheirosa, frágil e cheia de ternura, como uma flor deve ser.
Então, como se eu fosse flor, você arrancou-me pelas raízes. Tirou de mim o meu sustento. Não teve, ao menos, piedade. E, sem espinhos, era eu, sem nem poder lhe afrontar, nem defender-me. Não te feri. Apenas chorei. Chorei a cada pétala que arrancou, num "bem-me-quer, mal-me-quer" que só me quis fazer o mal. 
E logo eu... Logo eu que não era flor alguma, mas uma pessoa, inteiramente humana. E nem mesmo com as flores se faz isso. Ou não se deveria fazer. Mas você nem quis levar em conta que eu não era uma flor e nem estava ali para enfeitar o seu buquê. 
Logo eu... Logo eu que sempre fui forte, sempre fui gente, sempre fui eu.
Deixei ser cultivada, iludida ao ser bem cuidada. Deixei ser bem tratada e, em seguida, maltratada, destruída, estraçalhada. Deixei ser (es)colhida como se eu fosse flor. Como se eu fosse uma pequenina e indefesa flor.

domingo, 20 de março de 2011

"Dirigi vossos olhares para frente;

quanto mais vos elevardes pelo pensamento,
acima da vida material, 
menos sereis magoado pelas
coisas da Terra."


Um dia... um dia...
Um dia eu vou estar tão além das ínfimas coisas que hoje considero importante que conseguirei responder as calúnias com o silêncio, ver minha queda como um aprendizado e a minha má sorte como a minha felicidade.
Um dia... um dia...
Quando eu tiver olhos de ver, ouvidos de ouvir e não apenas tudo isso que penso que vale a pena no mundo.
Porque há muito mais, muito mais pra conquistar. E essas coisas que ainda me faltam são, verdadeiramente, muito mais importantes. 

sexta-feira, 18 de março de 2011

Aqui estou

sozinho, culpado, com medo.
Eu olho, e não vejo; 
eu ouço, mas não entendo;
 eu farejo, e não reconheço.
Tudo que eu conhecia já não existe mais.
É como caminhar no escuro, pisar com cuidado, avançar devagar.
Rostos novos, corações novos, pessoas novas para descobrir e compartilhar.
E esses nomes que eu nunca ouvi... Quem são eles, afinal?
É esse o fim e o começo.
E aqui também estão tantas e tantas outras criaturas que, 
assim como eu, desejaram muito estar nesse barco.
Um barco que, por enquanto, nos parece à deriva, 
mas que, em breve - ou talvez não tão breve assim,
ganhará o rumo do sucesso e da tão esperada felicidade.
Aqui estou...
na faculdade.