Estou dirigindo de volta pra casa ao som de Debussy;
bonita essa música, bonita a paisagem.
O volante escorrega facilmente por minha mãos quando eu faço curvas.
O recosto do acento já está moldado pelo meu corpo e me acolhe
de maneira tão agradável que eu até relaxo.
Como é elegante o anoitecer... A despedida do gigante de fogo,
dando espaço para que miudinhas estrelas
enfeitem o azul escuro arroxeado do céu.
Uma iluminação escassa das ruas me faz acreditar que
as únicas luzes existentes vêm do brilho da lua lá fora
e dos ponteiros coloridos do meu painel aqui dentro.
Engraçada é a vida da gente.
Entre um caminhão e um muro.
Enquanto isso, Debussy continuava com Claire de Lune e
meu coração batia tão lentamente quanto a música que
já findava no som do carro.
Se mais tarde eu acordar e ver um clarão, ouvir vozes tranquilas
e não sentir mais a dor que eu sinto agora,
talvez eu esteja no céu.
Então, eu terei, com certeza, feito uma boa viagem
e dirigido, sem erro algum, de volta pra casa.


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